sexta-feira, 29 de julho de 2011

Para refletir nos refúgios dos jardins : As flores são a iluminação das plantas


  Samambaia, provavelmente Dicksonia antarctica
"Fern02". Licenciado sob GFDL 1.2, via Wikimedia Commons - http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fern02.jpg#mediaviewer/File:Fern02.jpg

 Sacred lotus Nelumbo nucifera.jpg
Autor: T.Voekler
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sacred_lotus_Nelumbo_nucifera.jpg

EVOCAÇÃO
Terra, 114 milhões de anos atrás, de manhã, logo após o nascer do sol: a primeira flor que aparece no planeta abre-se para receber os raios solares.


Antes desse formidável acontecimento, que representa uma transformação evolucionária na vida das plantas, o globo já estivera coberto de vegetação por milhões de anos. A primeira flor provavelmente não durou muito tempo.


As flores devem ter permanecido como um fenômeno raro e isolado porque talvez as condições ainda não fossem favoráveis à plena ocorrência do florescimento. Um dia, porém, um limite crítico foi alcançado e, de repente, deve ter se dado uma explosão de cores e perfumes por toda a Terra - isso é o que uma consciência observadora teria visto se estivesse presente.

Muito tempo depois, esses seres delicados e fragrantes que chamamos de flores viriam a desempenhar um papel essencial na evolução da consciência de outras espécies. Cada vez mais, os seres humanos seriam atraídos e se sentiriam fascinados por eles.


É provável que as flores tenham sido a primeira coisa que a consciência da espécie humana começou a valorizar enquanto se
desenvolvia, mesmo que elas não tivessem um propósito utilitário imediato, isto é, que não estivessem vinculadas de alguma maneira à sobrevivência.


No decorrer dos tempos, as flores foram a fonte de inspiração de incontáveis artistas, poetas e místicos. Jesus pede-nos que as contemplemos e que aprendamos com elas sobre como viver.

Diz-se que, em determinada ocasião, Buda teria proferido um "sermão silencioso" enquanto segurava uma flor e a apreciava. Após algum tempo, um monge chamado Mahakasyapa começou
a sorrir diante dos presentes. Ele teria sido o único a entender o sermão.


De acordo com a lenda, aquele sorriso (isto é, a compreensão) foi transmitido às gerações seguintes por 28 mestres sucessivamente e, muito tempo depois, tornou-se a origem do zen.

Contemplar a beleza de uma flor poderia despertar os seres humanos, ainda que por um breve momento, para a beleza que constitui uma parte essencial do seu próprio ser mais profundo, sua verdadeira natureza.


O início do reconhecimento da beleza foi um dos acontecimentos mais significativos na evolução da consciência da nossa espécie. Os sentimentos de alegria e amor estão ligados de modo intrínseco a isso. Sem que percebêssemos inteiramente, as flores tornaram-se uma expressão em termos de forma daquilo que é mais elevado, mais sagrado e, em última análise, informe, dentrode nós.

Mais efêmeras, mais etéreas e mais delicadas do que as plantas das
quais se originam, elas são como mensageiras de outra esfera, uma espécie de ponte entre o mundo das formas materiais e o informe. 


Elas não só exalam um perfume suave e agradável aos seres humanos como emanam a fragrância da esfera espiritual. Se usássemos a palavra "iluminação" num sentido mais
amplo do que o convencionalmente aceito, poderíamos considerá-las a iluminação das plantas.


Fonte: O Despertar de uma Nova Consciência,  p. 9 e 10 (Eckhart Tolle)

Nenhum comentário:

Postar um comentário